Não conseguirei encontrar palavras, por mais mágicas que elas sejam, para descrever a emoção que vivi à chegada a Kaba. Fomos recebidos pelo povo da aldeia com uma alegria, um êxtase, uma efusividade que nunca antes experimentei. Foi inevitável conter as lágrimas. Não temos noção de como pequenos gestos, que a nós não custam assim tanto como isso, podem mudar, efectivamente, a vida das pessoas, e de como elas ficam gratas por isso.
Mãos que nos tocam, olhares que se cruzam e permanecem, fascinados, encantados com a sensualidade deste povo. São olhares mágicos, sonhadores, felizes. Pergunto-me como. Pergunto-me do que preciso para ser feliz, como eles. Percebo que posso andar despida e descalça, suja, despenteada, e ainda assim ser feliz. É estranho pensar e sentir assim, mas é verdade.
Fiquei deslumbrada com a dança. Com a energia, a beleza, a cor, a alegria, a sensualidade com que este povo dança. As mulheres são belíssimas, de uma beleza rara, exótica. Têm um olhar magnético, que me prende. E têm-no desde meninas, desde bebés. É impossível ficar indiferente. É impossível não ser contagiada.