Quase a acabar as mudanças, é tempo de arrumar coisas que não sei porque guardo, mas das quais não me consigo desfazer. É incrível como ao longo do tempo vamos acumulando tanta coisa! Lixo, dirão alguns, mas para mim esse "lixo" representa a memória. Como tenho uma péssima memória desde sempre (não, não tem só a ver com a idade...), tudo o que guardo me ajuda mais tarde a reconstruir histórias que de outro modo seriam definitivamente apagadas. Por isso é que sempre que decido mudar ou arrumar alguma coisa demoro imenso tempo, porque me perco nesses caminhos da minha memória, seguindo as pistas que vou deixando em gavetas, dentro de livros, de carteiras ou de caixas de todos os feitios e tamanhos.
Foi assim hoje. Ao abrir um dos armários de casa da minha mãe, que não devia abrir há anos, dei de caras com os meus livros da infância. Entre "As Histórias do Avôzinho", a colecção "Serelepe e Sapeca" e tantos outros, guardados como um tesouro estavam os livros da "Anita", os meus preferidos! Era completamente doida por estes livros e tinha a colecção quase toda. Adorava as ilustrações, as aventuras, os sonhos, os medos, tudo! Adorava ver a lista dos volumes publicados, no verso, e pedir à minha mãe os que ainda me faltavam. Devo ter lido cada um destes livros dezenas, senão centenas de vezes! Mas os que mais gostava eram "Anita e a Festa de Anos", o primeiro que tive e porque sonhava ter uma festa de anos como aquela, que nunca tive, claro, porque festas assim só nos livros ou para meninas ricas, e "Anita no Jardim", por causa das flores, do regato com nenúfares, do Pantufa a rebolar na relva... Aquele jardim era mágico! Com todas estas recordações, deixei-me ficar sentada no tapete, a reler e a sorrir novamente com as histórias que faziam parte do meu imaginário enquanto criança. Percebi que os livros nos podem influenciar e marcar a nossa personalidade de uma forma impressionante. Li recentemente "Os Livros que Devoraram o Meu Pai", de Afonso Cruz, um livro destinado a um público juvenil, mas que me cativou pelo título, e fiquei a pensar que também eu, em muitas alturas da minha vida, me senti devorada por alguns livros, no sentido em que me impressionaram de tal forma que me senti dentro deles, a viver aquela história como se de uma personagem me tratasse ou a imaginar que aquela seria a minha realidade e não apenas uma fantasia. Isso prejudicou-me muito, em alguns momentos, mas percebo agora que faz parte de mim e que, provavelmente, sempre serei assim, apesar de ter agora uma consciência diferente desta situação. O viver entre e dentro de histórias dá-nos também, curiosamente, uma perspicácia e uma sensibilidade diferente para entender a realidade, porque as histórias são, nem mais nem menos, que essa mesma realidade, embora figurada. É curioso ver como alguns pontos se ligam e percebemos de onde nos vêm determinados traços de personalidade que muitas vezes não entendemos. E tudo por causa dos livros infantis... da Anita! :)
Foi assim hoje. Ao abrir um dos armários de casa da minha mãe, que não devia abrir há anos, dei de caras com os meus livros da infância. Entre "As Histórias do Avôzinho", a colecção "Serelepe e Sapeca" e tantos outros, guardados como um tesouro estavam os livros da "Anita", os meus preferidos! Era completamente doida por estes livros e tinha a colecção quase toda. Adorava as ilustrações, as aventuras, os sonhos, os medos, tudo! Adorava ver a lista dos volumes publicados, no verso, e pedir à minha mãe os que ainda me faltavam. Devo ter lido cada um destes livros dezenas, senão centenas de vezes! Mas os que mais gostava eram "Anita e a Festa de Anos", o primeiro que tive e porque sonhava ter uma festa de anos como aquela, que nunca tive, claro, porque festas assim só nos livros ou para meninas ricas, e "Anita no Jardim", por causa das flores, do regato com nenúfares, do Pantufa a rebolar na relva... Aquele jardim era mágico! Com todas estas recordações, deixei-me ficar sentada no tapete, a reler e a sorrir novamente com as histórias que faziam parte do meu imaginário enquanto criança. Percebi que os livros nos podem influenciar e marcar a nossa personalidade de uma forma impressionante. Li recentemente "Os Livros que Devoraram o Meu Pai", de Afonso Cruz, um livro destinado a um público juvenil, mas que me cativou pelo título, e fiquei a pensar que também eu, em muitas alturas da minha vida, me senti devorada por alguns livros, no sentido em que me impressionaram de tal forma que me senti dentro deles, a viver aquela história como se de uma personagem me tratasse ou a imaginar que aquela seria a minha realidade e não apenas uma fantasia. Isso prejudicou-me muito, em alguns momentos, mas percebo agora que faz parte de mim e que, provavelmente, sempre serei assim, apesar de ter agora uma consciência diferente desta situação. O viver entre e dentro de histórias dá-nos também, curiosamente, uma perspicácia e uma sensibilidade diferente para entender a realidade, porque as histórias são, nem mais nem menos, que essa mesma realidade, embora figurada. É curioso ver como alguns pontos se ligam e percebemos de onde nos vêm determinados traços de personalidade que muitas vezes não entendemos. E tudo por causa dos livros infantis... da Anita! :)
2 comentários:
Compreendo muito bem o que dizes dos livros da Anita. Também eu cresci com eles, encantada com as histórias e as ilustrações. O meu preferido era "Anita vai à escola". A escola era semelhante à minha e muito diferente do que é hoje. Sou saudosista e fiquei saudosa desse tempo que não volta e em que os dias eram longos e tinham cheiros. Obrigada por me "transportares" a esse passado tão feliz.
Querida amiga!
Que bom saber que me visitas, mesmo que seja virtualmente! :) Também sou saudosista (não se nota nada...) e gosto de viajar até esse passado que foi tão feliz também para mim.
Um abraço bem forte, daqueles que não têm tempo nem distância!
Enviar um comentário