Há uns meses, na sala de espera de um consultório médico folheava uma daquelas revistas femininas que achamos que nada nos vai mostrar de novo, quando ainda por cima já era de há dois anos atrás. O título de um livro despertou-me a atenção e não descansei enquanto não o tive comigo. "Mulheres que lêem são perigosas" é um livro delicioso, com imagens belíssimas sobre a relação das mulheres com o mundo fascinante da leitura. Stefan Bollmann leva-nos numa viagem empolgante pela história da leitura desde o século XIII até ao século XXI. "O motivo da mulher que lê fascinou artistas ao longo de todas as épocas. No entanto, até ser permitido às mulheres ler aquilo que elas bem entendessem, passar-se-iam bastantes séculos. Primeiro que tudo, deveriam bordar, rezar, cuidar dos filhos e cozinhar. Contudo, no preciso momento em que se aperceberam da leitura como uma possibilidade de trocar o estreito mundo do lar pelo ilimitado universo das ideias, da fantasia, e também do conhecimento, passaram a constituir uma ameaça". Para quem, como eu, é mulher e tem uma relação tão forte com os livros, este livro é uma aprendizagem sobre esse privilégio e um deleite. É impossível escolher uma só imagem de tantas tão bonitas e tocantes, tal como é imperativo ler e reler com calma todas as linhas dos textos que as acompanham.
Deixo-vos dois bocadinhos do prefácio divertido e provocatório escrito por Elke Heidenreich:
"Nas fogueiras da Inquisição arderam sobretudo mulheres e livros. Proporcionalmente, a quantidade de homens que delas foram vítimas foi bastante reduzida. No entanto, as mulheres que sabiam ler e escrever, que soubessem fosse o que fosse, e os livros, onde estivesse contido algum conhecimento, eram ambos considerados perigosos."
"Da leitura resulta a autoconfiança, da autoconfiança resulta a coragem de ter ideias próprias. Os homens não gostam necessariamente de mulheres que lêem. «Não é ao nível do cérebro», escreve Gottfried Benn numa carta, «que os homens pretendem ser estimulados por uma mulher, mas noutro lugar bem diferente.» Ora aí está. Nós sabemo-lo e apesar disso continuamos a ler. Com o passar dos anos, os livros tornam-se por vezes até mais importantes que os homens. Queremos que o nosso coração seja estimulado. Os autores literários conseguem-no."
Imagem: Rapariga a Ler, de Franz Eybl
2 comentários:
Fiquei muito curiosa em relação a esse livro...Vou ter de procurar para ver se aumenta a auto-estima!
Olá Elaine!
O livro é muito bonito e interessante, sem dúvida. Não sei se aumenta a auto-estima, mas vale a pena! Pelo menos dá-nos a perpsectiva de, enquanto mulheres, sermos resistentes, determinadas e conseguirmos aquilo a que nos propomos, mesmo que para isso tenhamos que passar por grandes tormentas! :)
Beijinhos!
Enviar um comentário