
Há muito tempo que não reparava, mas hoje algo me chamou a atenção naquela imagem e dei por mim a remexer as minhas memórias no baú. Vi uma menina num baloiço, devia ter uns 6 anos. Os cabelos castanhos esvoaçavam consoante a velocidade que imprimia ao baloiçar. Não lhe vi o rosto, apenas os cabelos e a vontade de subir cada vez mais alto. Lembrei-me de uma menina que adorava baloiçar ao sabor do vento e sentir-se tão alto que quase parecia voar. Essa menina era eu. Nunca gostei de escorregas, uma vez arranhei as costas no fundo de um daqueles antigos de ferro, nessa altura percebi que definitamente os escorregas não eram para mim. Durante muito tempo ficaram as cicatrizes, na pele e na alma, que desejou nunca mais na vida andar de escorrega! Mas o baloiço, esse sim! Era capaz de esperar um tempo infinito pela minha vez, nem que depois de lá estar me parecesse sempre tão pouco!... No início o meu pai empurrava-me, até que conseguia tomar balanço e, lá ia eu, cada vez mais alto. Adorava sentir-me voar! Quando estava muito alta, no entanto, vinha o medo e, de olhos fechados, gritava: "Papá, menos, tenho medo!". E a mão do meu pai, forte, segura, constante, lá abrandava o ritmo até eu sorrir novamente e continuar a baloiçar. Que saudades tenho de andar de baloiço!... Não vi o rosto daquela menina, mas sei que por momentos era eu outra vez...
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