
Hoje fui, como sempre, visitar o meu avô. Sempre gostei de ir ao cemitério: a paz e o silêncio sempre me fizeram sentir bem. Ao olhar em volta, hoje, percebi que nos cemitérios podemos encontrar tanta poesia!... O que levará uma viúva, que perdeu o marido há 30 anos, a visitá-lo todos os dias, independentemente do estado do tempo? Quem é aquela mulher? Terá amado mais algum homem? Ou será possível existir uma forma de amor tão forte, tão sólida, que resista ao tempo e a todos os vendavais?... E uma filha, que fez da sepultura da mãe um jardim, como aquele que ela, em vida, cuidava com tanto carinho? Porque insiste ela em fazer daquele pedaço de terra um canteiro sempre florido, apesar dos anos que já passaram?... E uma mãe que, já noite escura, sozinha, sem medo de ladrões ou criminosos, salta o muro para estar junto do filho que decidiu interromper a vida tão jovem? O que fará ela junto da sepultura, sozinha, na noite?...
Olho à volta e vejo tanta poesia... Vejo amor, culpa, sofrimento, medo, abandono, solidão... Vejo que todos procuram o mesmo naquele local: estar próximo de quem amam, cada um à sua maneira. Procuram respostas para a eterna questão. Todos sabem que para estar próximo não é preciso ir ou estar ali, mas todos o continuam a fazer... Algo mais forte nos chama a todos, apesar da saudade, que renasce sempre que ali vamos. Será a poesia que encontramos na dor?...
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