Luz

"Está uma noite boa para apanhar pirilampos", costumava-se ouvir dizer quando estavam aquelas noites quentes de Verão, como já raramente temos o prazer de desfrutar. Recordo-me de ter o privilégio de viver numa aldeia e poder apanhar pirilampos nessas saudosas noites quentes. Apanhava um, punha-o debaixo de um copo e esperava ansiosa pelo dia seguinte, porque o pirilampo deixava-me sempre uma prenda! Normalmente era uma moeda de vinte ou, nos dias melhores, de cinquenta escudos. Claro que, mais tarde, descobri que quem deixava a moedinha era a minha mãe ou o meu avô, mas a magia manteve-se. Mais tarde deixei de reparar nos pirilampos, talvez porque deixei de andar muito a pé ou então porque não os via verdadeiramente, apesar de provavelmente estarem à minha frente. Porque para ver pirilampos é preciso ter olhos de criança, e muitas vezes perdemos essa capacidade de olhar e ver as coisas dessa forma... Há dias, numa noite quente, vi centenas de pirilampos a brilhar no escuro mesmo à minha frente. Apeteceu-me ficar ali, fascinada, a assistir àquele espectáculo que a natureza me oferecia. Pontinhos de luz que iluminaram a minha alma como se fosse novamente criança. Adoro pirilampos! São mesmo mágicos, em todos os sentidos...

Ofereço-vos a banda sonora perfeita para ver pirilampos...