Do meu pai e do meu avô Branco herdei sobretudo o culto pelo silêncio. Sempre me lembro do meu pai e do meu avô calados, mas sempre atentos e presentes. Utilizam poucas palavras, mas certeiras e incisivas. Demorei muito tempo a entender o silêncio de pai e filho, mas cada vez mais o admiro e sinto-o também como meu.
O meu pai e o meu avô, exemplos de responsabilidade, de trabalho e de sacrifício pela família. O meu pai e o meu avô.
AS MÃOS DO MEU PAI
As tuas mãos têm grossas veias
como cordas azuis
Sobre um fundo de manchas
já da cor da terra
Como são belas as tuas mãos
Pelo quanto lidaram, acariciaram
Ou fremiram
da nobre cólera dos justos...
Porque há nas tuas mãos
meu velho pai
Essa beleza que se chama
simplesmente vida.
E, ao entardecer,
quando elas repousam nos braços
da tua cadeira predilecta,
Uma luz parece vir
de dentro delas...
Vira dessa chama
que pouco a pouco, longamente,
viste alimentando
na terrível solidão do mundo.
Como quem junta uns gravetos
e tenta acendê-los
Contra o vento.
Ah, como os fizeste arder,
fulgir, com o milagre das tuas mãos.
E é, ainda, a vida
que transfigura as tuas mãos nodosas...
Essa chama de vida –
que transcende a própria vida...
e que os anjos,
um dia,
chamarão de alma...
Mário Quintana
3 comentários:
Lindo! É a minha vez de te felicitar, neste caso pelo duplo aniversário da tua família e, em especial, pelo 90º aniversário do teu avô.
Obg tb pela msg e carinho que deixaste no meu blog ontem.
Bjs... de coração
Parabéns, senhores Brancos.
Que contem muitos anos com saúde e alegria, para felicidade da vossa filha e neta.
L.E.
Obrigada às duas pelo carinho!
Beijinhos e tudo de bom!
Enviar um comentário