...AS ROSAS
Rosas que desabrochais,
Como os primeiros amores,
Aos suaves resplendores
Matinais;
Em vão ostentais, em vão,
A vossa graça suprema;
De pouco vale; é o diadema
Da ilusão.
Em vão encheis de aroma o ar da tarde;
Em vão abris o seio úmido e fresco
Do sol nascente aos beijos amorosos;
Em vão ornais a fronte à meiga virgem;
Em vão, como penhor de puro afeto,
Como um elo das almas,
Passais do seio amante ao seio amante;
Lá bate a hora infausta
Em que é força morrer; as folhas lindas
Perdem o viço da manhã primeira,
As graças e o perfume.
Rosas que sois então? – Restos perdidos,
Folhas mortas que o tempo esquece, e espalha
Brisa do inverno ou mão indiferente.
Tal é o vosso destino,
Ó filhas da natureza;
Em que vos pese à beleza,
Pereceis;
Mas, não... Se a mão de um poeta
Vos cultiva agora, ó rosas,
Mais vivas, mais jubilosas,
Floresceis.
Machado de Assis, in "Crisálidas"
2 comentários:
Doce Mafalda, bom dia!
Essas rosas, são as rosas mais verdadeiras que poderia receber, são as mais genuínas, as que foram plantadas com amor, nasceram no coração e foram colhidas, tenho a certeza, com todo o carinho. Rosas dessas é que é um privilégio receber! O seu post anterior, sobre o altruísmo fica aqui também comentado, nas entrelinhas, pois essa "jardineira" é das tais que se incluiem na meia dúzia que por aí andam.
Um beijinho a ambas
L.E.
Olá L.E.!
É verdade, acredito que estas rosas têm aquele cheirinho tão bom por causa do amor com que são criadas e cuidadas por essa jardineira tão especial!
Beijinhos!!
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