Brincar

Ao ler a revista "Única", do semanário Expresso, cujo tema principal hoje é "brincar", recordei algumas das minhas brincadeiras de criança. Lembrei-me do meu desejo enorme de ter uma Barbie, que a minha mãe nunca me deu. Resistiu a choros, birras, pedidos insistentes, beicinhos, mas nunca me deu uma. Dizia sempre que a Barbie era uma boneca estúpida, que havia outras muito mais interessantes, mas eu não compreendia porquê, ficava revoltadísima quando a ouvia dizer isto. Todas as minhas amigas tinham pelo menos uma, eu apenas tinha imitações de plástico, que comprava às escondidas com algum dinheiro que ia guardando. Hoje percebo e admiro a embirração da minha mãe com a boneca. E percebo também que não a ter serviu igualmente para aguçar a minha criatividade e imaginação, pois tinha sempre que tentar fazer vestidos deslumbrantes que imitassem os verdadeiros. Para isso aproveitava todos os restinhos de tecido, botões, lantejoulas, meias, enfim, tudo o que servisse para vestir as bonecas de imitação que ia conseguindo comprar e que não tinham vestidos tão bonitos como os da Barbie, com que eu sonhava, em vão.
Lembrei-me também que adorava jogar à macaca. Havia muitos jogos que não gostava, como o jogo do eixo, mas na macaca eu era barra! Lembro-me dos intervalos na escola e das tardes passadas a jogar, com as amigas. Lembro-me do jogo do elástico, de saltar à corda, de brincar às casinhas, de passar horas a pentear as bonecas, de pintar o meu boneco careca com pintinhas vermelhas para fazer de conta que tinha sarampo, de ler e reler vezes sem conta os livros da "Anita", que imaginava sempre que era eu, pelo nome e por algumas semelhanças...
Lembro-me de ser feliz!