29.3.09

Futuro

Uma reportagem da revista Única, do Expresso, conta este fim-de-semana a história de dois jovens do interior que nunca haviam visto o mar. Esta história fez-me lembrar dos meninos com quem trabalhei, dos meninos com quem queria e adorava continuar a trabalhar. Crianças e jovens com dificuldades, com falta de afectos, tantas vezes maltratados e negligenciados, mas que nunca perdiam a capacidade de sonhar e de se fascinar com aquilo que para os outros é tão banal. Às vezes, na Escola, olho pela janela e vejo-os, os que acompanhei e cuja história conheço bem, e aqueles que não conheço, mas nos quais reconheço os mesmos traços: a fragilidade, a agressividade, o isolamento... Meninos sem colo, sem amor, que futuro será o vosso? Alguma vez verão o mar? Gostava de poder lançar os meus braços pela janela e agarrar-vos a todos, embalar-vos e dizer-vos baixinho ao ouvido que um dia irão à praia, enterrarão os pés na areia húmida e lançar-se-ão nas ondas, experimentando a maior aventura que imaginaram. Aí, nesse momento, serão tudo o que sonharam.

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