
Hoje guiei o mais depressa que pude para casa. Posso dizer que voei, pelo menos foi essa a sensação que tive, como se tivesse sido teletransportada da escola para casa. Não me recordo de um único quilómetro que fiz. Não era um estado de inconsciência, se fosse nunca me meteria dentro do carro. Era, sim, um estado de desejo de inconsciência, uma vontade de me refugiar no meu espaço, no meu mundo. Chegar a casa e enfiar-me na cozinha, misturar cores e sabores, cheiros e sensações. Deitar-me no sofá, enrolada no escuro e chorar. Apagar a memória. Apagar palavras, gestos, emoções. Acordar no dia seguinte num mundo novo. Hoje apetecia-me gritar com alguém até à exaustão, ser uma péssima pessoa (será que já não sou?...), gritar e dizer as piores coisas que alguém pode dizer, deitar cá para fora tudo o que não quero ter cá dentro. Apetece-me perguntar onde estão os afectos, onde está o bem-estar, onde está a felicidade que sentia permanentemente. Quero esquecer que se aproxima um dia que sempre foi especial e que este ano não quero viver. Apetece-me saltar esse dia no calendário, fazer de conta que é um dia normal (e será, este ano, pela primeira vez), porque nada tenho que comemorar (sim, estou a ser egoísta, mas hoje até egoísta preciso de ser). Hoje quero, simples mas tão dificilmente, esquecer-me de mim.
2 comentários:
Sabe, hoje faz anos que faleceu a minha prima, daqui a poucos minutos faz cinco anos que desligaram as máquinas. Sinto os dias que se avizinham, tristes, sombrios, mas vamos em frente? Temos pessoas que lá do céu olham por nós, que estão sempre connosco e também temos cá em baixo quem goste de muito de nós. Chore, alivie, eu queria chorar mas... ainda estão todos acordados.
Um abraço especial para si, aquele que, do fundo do coração, daria agora à minha prima!
L.E.
Um beijinho e um abraço muito, muito especial!... "Só" isso, que vale muito mais que tudo o resto!
Força!
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