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Máscaras
"Quando me ponho a pensar no que era a minha vida, os meus desejos, as minhas ambições, fico um bocado desconsolada. Eu acho que era muito fútil: estava sempre a olhar para o espelho, gostava de modas e via os outros ao contrário: em vez de querer mostrar o que eu era, estava preocupada em ser o que eles esperavam que eu fosse. Demorei muito a pensar em mim, nos meus verdadeiros desejos e nas minhas verdadeiras aspirações mas, quando isso aconteceu, já estava presa a muita coisa que me custava a destruir. Não sei se isso acontece a muita gente. Acho que não, que a maior parte das pessoas não se preocupa em saber o que é e por isso não põe no mundo a riqueza que lhe poderia dar que era o bocadinho da sua individualidade. Acomodam-se ao que está como se tudo fosse mesmo assim. Dos que dão por isso há os que ficam resignados mas muito ressentidos. Eu não gosto de ressentimentos porque fazem a gente ficar muito feia: não há nada mais feio do que uma velha ressentida a querer vingar-se do que não conseguiu viver. Mas tenho uma certa simpatia por aqueles que, quando descobrem o engano, ainda arranjam coragem para recomeçar outra vida..."António Alçada Baptista,
in Tia Suzana, Meu Amor
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