13.11.09

O tempo...

...vai escasseando para poder escrever. Os dias têm sido intensos e estou cheia de trabalho, por isso este espaço está um pouco mais vazio. Mas continuo a pensar, todos os dias, no que de melhor me vai acontecendo. Apesar da tristeza ou da incerteza, há sempre coisas boas na nossa vida, pelas quais devemos dar graças! Uma delas, esta semana, foi o aniversário da minha avó Estrela, a melhor avó do mundo, a melhor amiga, a melhor companheira, a melhor mulher, a melhor tudo! Tenho uma admiração cada vez maior pela super mulher que é e pela forma como tem vivido e encarado o dia-a-dia. Um exemplo. Uma dádiva.

3 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns, avó Estrelinha!
Beijinhos às duas e Srª D. Mafalda, apesar da tristeza ou da incerteza... há sempre coisas boas, sim senhor! Quando é que esse olhar volta a ser o mesmo?
Um abraço e um segredo... a minha Estrela mais velha, saiu hoje à noite...

Anónimo disse...

Bonito esse elo de ligação!
A Família é das melhores âncoras, quando as dúvidas pairam e se procura um porto (aparentemente) seguro...

P.S.: também ando em busca de coisas boas por entre tantos fios de dias cinzentos...

Anónimo disse...

O tempo... :)
( http://www.youtube.com/watch?v=_ydQyRfd_BA )

O tempo e a forma como nós, humanos :), o percepcionamos... Sempre que tentamos perceber o tempo parecemos ser arrastados para uma analogia com o espaço. Pensamos no tempo das nossas vidas como uma linha; setas... passado --> presente --> futuro - o sentido da vida - e temos uma atitute bastante ambivalente em relação a esta linha. As setas dos nossos desejos, e os nossos objectivos e os nossos projectos, ligam-nos a esta linha e ali encontramos a possibilidade de as nossas vidas terem significado. Mas se seguirmos esta linha o suficiente percebemos que aponta também para um incontornável fim desse significado... morte e decadência. E assim somos simultaneamente atraídos e repelidos para e por esta linha, tanto arrastados como aterrorizados por ela. A seta do tempo parece ser quer a nossa salvação quer a nossa desgraça. Quer o significado quer o fim das nossas vidas serão encontrados lá mais à frente na linha. E procuramos fazer muitas coisas diferentes e arranjar significado para tudo, talvez por isso mesmo: medo que o tempo escasseie. Coisas diferentes, porque se repetirmos o mesmo - como os dias para o gato da avó - não conseguimos evitar ver os momentos marcados na linha, para trás e para a frente. Nunca conseguimos apreciar o momento pelo que ele é de per se, porque para nós o momento nunca é o que é de per se. O momento é eternamente diferido quer para trás quer para a frente. O que conta como agora para nós é constituído pelas nossas memórias do que se passou antes e pelas nossas expectativas de coisas ainda por acontecer. O momento não existe, é irreal. Escapa-nos sempre. Para o gato, sim, o momento em que sente as pernas da avó percorrem-lhe o dorso é completo por si, não deturpado por quaisquer outros momentos espalhados pelo tempo. Talvez por isto nos achemos superiores aos animais. :)

O eterno regresso ao mesmo...
( http://www.youtube.com/watch?v=TNyjEQHXXj4 )

E se fossemos capaz de ver o tempo não como uma linha, mas como um círculo...? Será que os momentos já não se esvairiam insípidos? Quiçá não os viveriamos vezes sem conta, e sem fim... Secalhar o valor de cada momento não vem de um lugar numa linha, de como se relaciona com o que vem antes e ou depois. Não carrega a marca de fantasmas passados ou futuros. Cada momento é o que é; cada momento é completo e inteiro de per se. E secalhar o verdadeiro sentido da vida esteja em momentos. Momentos espalhados pela vida. Não apenas os bons, não apenas os maus: momentos em que estamos ao nosso melhor, sem medo do que podemos perder. A nossa percepção do tempo é a nossa desgraça. A morte não é o limite das nossas vidas. O limite está sempre lá: a seta do tempo (ambivalente) segura-nos verdes e a morrer ao mesmo tempo. Imortais (mas raros) são os que conseguem libertar-se desse peso que nos acompanha ao longo da vida. Humanos animais, Mafalda? :) O eterno regresso ao mesmo. Às pernas da avó. Se o tempo é um círculo, não existe "nunca mais". A nossa existência deixa de girar em torno de uma visão da vida como um processo de perda. A morte é o limite de uma vida mas deixa de ter domínio sobre a vida. Os pedacinhos de felicidade para ti guardados assentam apenas no que é o mesmo, no que é imutável. Aqui, agora, no momento. O tempo... :)

Happy days,

~


"while time, the endless idiot, runs screaming around the world" -Carson McCullers